segunda-feira, 15 de setembro de 2008

em construção

com o tempo o ser humano aprende que se aprende errando, mas que errar demais não tem nada de humano.
que nossos limites são os limites da sociedade quando não sabemos o que é limite.
aprende que amigos nunca são amigos e que mães são sempre mais do que apenas mães.
suspeita que não aprende tudo, daí deixa parte pra imaginação e pra intuição.
descobre que dores físicas vem, na maioria das vezes, do fundo da alma e que para curá-la, não existe doutor.
com o tempo nós percebemos que somos parte vital de um sistema, mas que somos descartáveis mesmo assim, por que o que gera o efeito é a causa e não o contrário.
descobrimos que não basta ser, para algumas pessoas isso é muito pouco.
a vida ensina que não devemos confiar em qualquer um, mas o coração desrespeita, mesmo quando a intuição diz que a vida está certa.

nós sentimos muito mais do que pensamos,
nós nos entregamos muito mais do que queremos,
as decepções nos consomem mais do que a fome ou o sono... pois o efeito psicológico tem muito mais causa.

(...)

um dia um ladrão, após ter roubado tudo o que podia ser carregado, percebeu que aquela casa no meio o quarteirão estava muito mais cheia do que jamais estivera. ele então descobre que todos os empréstimos que fez não o resolvera em nada. olha abismado a situação daquela família que tinha tudo e agora não tem mais nada e olha descontente para sua própria família, que agora enfim podia ter tudo mas no fundo não tinha nada... não era ele, nada daquilo era dele.
a vida inteira ele buscou o que os outros tinham e se esqueceu de construir o seu próprio mundo, seus livros jamais haviam sido lidos, seus sonhos estavam todos engavetados, seus amigos só lhe acompalhavam quando a felicidade deles não contrastava com o vazio que carregava consigo, e ao perceber isso, notou que aquela adormecida parte de seu coração despertou o seu raciocínio mais voraz.
algo o incomodou, não podia continuar daquele jeito.
viu que seus pais já não estavam mais lá para abraçá-lo e que não existiam conselhos mais, tudo se fora.
sentiu que o que ele vivia era uma vida emprestada, seus parentes o amavam, mas ele era um intruso. conflitava com seus livros infantis e refletia ao olhar par a parede.
durante toda sua vida teve a certeza de que fizera as melhores escolhas, andava com as melhores pessoas, vestia-se da melhor forma, mas aquilo era um retrado o que ele gostaria de ter sido, mas não pode ser.
enfim ele justificou sua vida como se cada um tivesse aquilo que merecesse, mas no fundo ele sabia que não era bem assim...

(...)

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