Era uma tarde quente de quase um fim de mês, para o almoço as horas pareciam se arrastar, ou seria para a janta? Não importa, a fome invadia até os menos comilões. A sala estava abafada e o sol anunciava, pela sua intensidade, que os sonhos seriam embalados por uma fina chuva naquela noite.
Das seis pessoas presentes e envolvidas naquela sala, apenas uma efetivamente recebeu o novo companheiro. Não se sabe se por terem trabalho demais ou pela opção de não terem mais trabalho, apenas, os outros cinco se prestaram a enviar uma saudação sem tirar os olhos da tela. Não se sabe precisar se houve uma decepção por parte do novato, mas o fato era que, ninguém naquele momento estava avisado de sua chegada e, por isso, esperar mais do que foi dado a um desconhecido parecia loucura.
Sem perceber, o recém chegado teve sua imagem scaneada e brutalmente analisada. As conversas mudas seguiram veladas por mais uma semana até que alguém tivesse algo de concreto a dizer ao grandalhão que se impunha durante todas as manhãs. Ele não era de falar e percebeu que se tentasse quebrar o silêncio, seria banido do grupo antes mesmo de fazer parte dele.
Aos poucos sua necessidade foi sentida e o seu espaço começou a se abrir. Foi convidado para participar de almoços, lanches e quando se percebeu, ele fazia parte do efetivo e de fato era percebido e de certa forma até amado pelo grupo outrora hostil. Ele não era o mais amável dos seres, nem o mais contente, mas era bom ter ele por perto...
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