terça-feira, 25 de março de 2008

Sabrina!

***

O cantor mudo vem,
com o olhar procura por uma cumplicidade que não existe,
uma carne que não está.
O salto daquela garota a faz parecer mais velha do que realmente é,
seus olhos, esmeraldas, não combinam,
sua face branca sustenta pontos,
o cabelo cacheado brinca com seus dedos.

Enquanto a cereja bebe junto aos lábios,
os dedos deslizam em teclas de piano,
branco...
Foi um engano.
No bilhete alguns garranchos,
alguns números...

um sorriso não retribuído,
o guardanapo amassado,
um grito no fundo do salão,
mais uma bebida,
outra canção desconhecida.

Ela caminha firme,
repousa a mão sobre o terno do cantor,
com o olhar o indica a próxima melodia.
Sua voz é como veludo lavado,
quase encanta...

Em quase fim,
deixa sua glória e volta,
come sua cereja embebida,
retorna o bilhete em um cartão de visita discreto: Obrigada!
Segue dona de si.

Com seus poucos anos,
suas várias experiências,
caminha com seu salto agulha
à procura...
outros cantores para emudecer,
outras platéias para entreter,
outras bebidas para beber.

Seu nome? Sabrina!

***

Um comentário:

Gustavo disse...

De uma sensibilidade que eu nunca vou atingir...